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Monte Castelo

Posted by Cottidianos on 01:26
Terça-feira, 14 de junho



Essa semana, ando meio sem tempo de escrever algo de minha autoria. Mesmo assim, senti vontade de passar por aqui e dizer, o que talvez não seja muito profundo, mas brota do mais fundo do coração. Estou chocado, assim como todo mundo racional, com a violência ocorrida em Orlando, na Flórida, numa boate na qual estavam centenas de seres humanos, muitos dos quais tiveram suas vidas ceifadas de modo brutal.  

Aí fico pensando: Os preconceituosos devem estar felizes, com a atitude daquele infeliz jovem insano e assassino. Bem como devem estar felizes os fundamentalistas evangélicos, ou de qualquer outra denominação religiosa. Assim como devem estar felizes os moralistas falsos, ou falsos moralistas, tanto faz.

E porque felizes? Pois não pregam eles a intolerância, o preconceito, a discriminação contra seres tão humanos quanto eles? Há duas formas de se matar um homem: com uma arma, ou com uma palavra proferida por uma língua ferina. De ambas as formas, os assassinos serão cobrados pela lei divina.

Fico um tanto quanto preocupado com o tipo de mundo no qual estamos vivendo, no tipo de pensamento que estamos alimentando no mais profundo de nossas consciências. É preciso ter cuidado, pois, mesmo sem o perceber, podemos estar criando dentro de nós mesmos, um monstro.

Um dia, Jesus Cristo subiu a uma montanha e falou de paz. Talvez, tenha chegado a hora de o mundo subir a essa montanha e ouvir o discurso do mestre, mas ouvir sem radicalismo, apenas deixando a palavra penetrar no coração, como chuva fininha, caindo na terra e fecundando o chão.

Evite o rótulo e vá à essência. Em vez de dizer que houve um massacre numa boate gay. Diga que houve um massacre numa boate na qual havia seres humanos se divertindo. E veja que sem os rótulos, o fato toma uma dimensão bem maior, o fato toma a dimensão que lhe é direito: a dimensão humana que existe em cada um de nós, apesar das diferenças.

Para finalizar, deixo uma mensagem em forma de música. Monte Castelo, escrita pelo genial, Renato Russo, e inspirada no capítulo 13 da Carta aos Coríntios.

Renato Russo


Monte Castelo

Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade;
O amor é bom, não quer o mal;
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão contrario a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem, todos dormem;
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

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