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Anúncio da abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff cai como uma bomba sobre o Brasil

Posted by Cottidianos on 02:07
Quinta-feira, 03 de dezembro
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do cruzeiro resplandece
(Hino Nacional Brasileiro)


Uma chuva forte caía sobre a cidade quando cheguei em casa, no final da tarde de ontem. No elevador do prédio onde moro, subiram comigo, duas senhoras. Uma delas disse em tom surpreso: “Vocês viram, foi aberto processo de impeachment contra Dilma!”. Fui completamente pego de surpresa pela notícia. Custei a acreditar, pensei até que talvez pudesse ser brincadeira dela, mas a outra senhora me confirmou o fato. Mesmo assim, incrédulo, a primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi ligar a TV e ver o que diziam os telejornais, e eles diziam que, de fato, fora aberto processo de impeachment contra a presidente.
Os fatos no cenário político brasileiro, têm se sucedido de forma estonteante, já há alguns meses, tendo se intensificado nas últimas semanas. A começar pela prisão do líder do governo no senado, Delcídio. Quando soube da prisão do senador, dia 25 do mês passado, confesso que fui tomado de surpresa, maior ainda do que quando soube da abertura do processo de impeachment contra a presidente. Esse já era um fato sobre o qual se vinha especulando há alguns meses. A prisão de Delcídio, flagrado tentando fazer negociações escusas para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato foi algo totalmente novo.
A notícia da abertura do processo de impeachment caiu sobre o Palácio do Planalto como um trovão ribombante. Embora tenha sido o próprio PT o detonador dessa bomba, primeiramente com a série de besteiras que vem fazendo no comando do país, e, de forma mais evidente, quando decidiu apoiar, na Câmara dos Deputados, o processo que dará início ao processo de cassação do deputado Eduardo Cunha. O PT na verdade ficou, na verdade, como diz o ditado popular, em uma “sinuca de bico”, em uma encruzilhada, pois se lutasse, como vinha pensando em fazer, para apoiar Cunha, corria o risco de perder muitos de seus membros, inclusive prefeitos, e se fosse contra o presidente da Câmara, correria o risco de ver ele acionar o estopim da bomba do processo de impeachment, o que, de fato, acabou fazendo.
Mesmo essa possibilidade sendo prevista, a notícia abalou as estruturas do Palácio do Planalto, pois as consequências do processo podem ser imprevisíveis. O PT fala em tentativa de golpe. Não vejo dessa forma, afinal, as ruas já vinham clamando por isso faz tempo. Talvez a revolta, não fosse de início, necessariamente, contra a pessoa da presidente, mas sim, por causa da sucessiva série de escândalos e do envolvimento de membros da alta cúpula do partido, em denuncias de corrupção. Depois a revolta virou-se também contra a presidente, por causa da sua falta de governabilidade, pelas promessas feitas em campanha e desfeitas logo após a eleição, pela crise econômica que se instalou no país, e também por causa das contas irregulares do governo.
De qualquer modo, o processo de impeachment é doloroso para todos nos brasileiros, talvez pelo fato de que depositamos esperança naquele que nos ofereciam esse remédio, e depois, ao invés de nos dar o remédio prometido, nos deram escândalos e desesperança. O processo é preocupante também pelo fato de que não vemos, no momento atual, ninguém suficientemente capacitado para assumir o comando do país. A impressão que temos é a de que todos os políticos estão de algum modo, diretamente ou indiretamente, no meio do epicentro de um terremoto chamado corrupção.
O futuro que nos acena é incerto.
Já vinha preparando um texto para publicar hoje, quando fui surpreendido pelo anúncio da chegada do processo de impeachment da presidente Dilma, mas resolvi publicá-lo assim mesmo, pois o texto nos dá uma ideia do cenário que nos levou a ele.  

***


Rei, rainha, damas, bispos e peões no  jogo de
 xadrez da corrupção


Repulsa.
É uma palavra forte? Sim, é uma palavra forte, porém, não tenho melhor para expressar o que se passa na podridão da política em Brasília.
Temos no Palácio do Planalto, uma rainha que não governa.
Temos na Câmara dos Deputados um presidente que mente, rouba, e engana com um cinismo que chega a dar inveja nos adversários do Batman.
Há ainda um presidente do Senado, do qual não se pode dizer que está acima de qualquer suspeita.
E sobre todos pesam fortes suspeitas de corrupção.
Contra Eduardo Cunha, presidente da Câmara, há provas fartas de prática de corrupção.
Contra Renan Calheiros, presidente do Senado, há fortes indícios do mesmo crime.
E no Palácio do Planalto há um clima nebulosidade. No castelo da rainha as coisas estão obscuras, nebulosas, até mesmo suspeitas. Temos visto os súditos da rainha, e séquitos do antigo rei, envoltos em corrupção. Um a um, os soldados de Vossas Majestades, dos mais próximos aos mais distantes, estão caindo, alvejados pelas denúncias de corrupção. Entretanto, as majestades, até agora, estão saindo ilesas. Será possível que tantas coisas erradas tenham sido praticadas sob as barbas dos poderosos, daqueles que tem, ou tiveram em suas mãos, o poder máximo da nação, sem que eles não soubessem de nada? É possível a qualquer governo, que subalternos tomem decisões de suma importância sem que os comandantes desconheçam suas intenções? Tenho certeza de que estas são questões que tem rondado a mente dos brasileiros. E as perguntas a essas perguntas parecem escapar por entre as mãos da justiça, tal qual areia fina, escapa pelas nossas mãos na beira da praia. Quiséramos nós, saber a verdade, no fundo, todos nós sabemos a verdade. Há também os que fingem não saber. Talvez esses tenham a impressão de sofrer menos, ou agindo assim se isentem de alguma culpa que lhes pesa no subconsciente.
Ainda ontem, lia na Folha de São Paulo, uma notícia que custei a crer que era verdade. E, realmente, em países nos quais a observância às leis é mais rigorosa, essa notícia não seria mesmo verdade. Dizia a matéria que, sob pressão do Palácio do Planalto, os três senadores petistas que integram o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, tentavam o impossível e improvável: Construir um discurso que justificasse a posição contrária do partido ao pedido de cassação de Eduardo Cunha. A lógica e fundamento do objetivo pretendido é ainda mais ridícula e beira o bestial.
A impressão que nos fica é a de que esses políticos estão rindo de nossa cara, nos fazendo de idiotas. Acho que é exatamente isso que eles estão pensando que somos: idiotas. Creio que, nós brasileiros, estamos fartos de tudo isto.
Mas voltando a essa relação promíscua entre Câmara dos Deputados e Palácio do Planalto, por que os petistas insistem tanto em manter na presidência de uma instituição que tem um papel fundamental na administração do Brasil, um dissimulado? Por que insistem em que um corrupto continue ocupando uma vitrine tão cara a todos nós? Até que eu poderia dar uma resposta bem clara a essa pergunta, mas daí eu estaria sendo muito óbvio. Mas o fato é que a cabeça da rainha está a prêmio. Cunha, apesar de todas as acusações pode fazer acionar a guilhotina que fará rolar a cabeça dela. Afinal, ele, como presidente da Câmara pode colocar a rainha no canhão e disparar a bomba do processo de impeachment.
Um dos maiores defensores da permanência de Eduardo Cunha na Câmara é o ex-presidente Lula. Só para lembrar, o filho de Lula também tem seu nome citado na Operação Zelotes, da Polícia Federal. Segundo a PF, o famoso recurso “copia e cola”, foi muito útil a Luís Claudio, filho do ex-presidente, Lula. O empresário copiou e colou, do site de Internet, Wikipedia, conteúdo de consultória, e apresentou como prova de prestação de serviços para uma empresa investigada. A LFT Marketing Esportivo, empresa do filho de Lula, teria recebido por essa consultoria, R$ 2, 5 milhões, da Marcondes e Mautoni.
Porém, nem tudo era consenso no PT. Diante dessa pressão do Palácio do Planalto, alguns parlamentares e prefeitos petistas, ameaçaram deixar a sigla se o governo colocar seu exército em defesa de Cunha. Mesmo assim, a direção do PT, e a maioria de sua bancada, e ainda um grupo minoritário pró-governo insistia em jogar as flores da proteção sob Eduardo Cunha, não porque o tivessem em boa conta, evidentemente, mas sim porque suas naturezas corruptas são semelhantes.
Diante de todo esse rebuliço, a bancada do PT na Câmara, decidiu, no dia de ontem, votar pela continuidade do processo de cassação do deputado Eduardo Cunha. A decisão do PT pode ter consequências sérias, pois além de Cunha, querer deflagrar o processo de impeachment contra a presidente, ele também contribuir para o boicote da pauta econômica que o governo enviará ao Congresso dentro em breve. E aí nessa pauta vem outro assombro: pois essa pauta, a ser enviada pelo governo, pede sinal verde para fechar o ano de 2015 com um rombo de R$ 120 bilhões de reais. Confesso a vocês que sou leigo em economia, mas compreendo que uma situação como essa é péssimo, tanto para imagem do país junto aos investidores estrangeiros, quanto dos brasileiros, e do próprio governo.
Mas voltando ao caso do afastamento de Cunha da Câmara. Também nesta quarta-feira (02), foi adiada pela quarta vez, a votação do parecer preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que é o relator da representação contra Eduardo Cunha. E a votação, provavelmente, deva ocorrer somente na terça-feira (15) da semana que vem. O motivo alegado foi que o Conselho de Ética não poderia deliberar sobre o assunto, enquanto estivesse em andamento, uma sessão conjunta do Congresso Nacional, que havia começado por volta das 13hs. 
Na verdade, o plano de Eduardo Cunha é adiar o máximo possível que a votação do processo para admissibilidade de sua cassação, e jogar essa etapa para meados do ano que vem. Isso apenas para ver se o processo de cassação é admissível. Depois, só depois disso, é que vai ser aberto o processo de cassação. Daí, veremos mais e mais enrolação, e não se sabe quanto esse longo e tempestuoso processo terminará, ou atém mesmo se começará.
Enquanto isso, o nosso país está no comando de corruptos, e quem sofre as consequências é o povo brasileiro, tanto os que elegeram esses representantes, quanto os que não contribuiíram com o voto para essa farsa.

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