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Respeitar as leis de trânsito é respeitar a própria vida

Posted by Cottidianos on 18:16
Sábado, 26 de setembro



Domingo passado (20), acordei cedo pela manhã e fui à missa na Paróquia Bom Pastor, no Bairro São Bernardo, em Campinas. A paróquia está sobre a responsabilidade do Pe. Paulinho que, pelo vi, recebe e orienta os seus fieis como um bom pastor cuida de suas ovelhas.

Quando voltava desta agradável oração dominical, vi, perto do Hospital Mario Gatti, uma faixa que falava sobre passeio ciclístico. Não deu para ler direito, pois o ônibus passou rápido por ela. Imediatamente, lembrei-me de que lera nos jornais durante a semana, sobre um passeio ciclístico que ocorreria pelas ruas da cidade, tendo como ponto de partida e de chegada, a Praça Arautos da Paz, no Taquaral. Deduzi que a tal faixa se tratava desse evento. Gostaria de participar dele, mas pelo adiantado da hora — já eram nove horas da manhã, — logo deduzi que tinha perdido o evento.

Mesmo assim, a primeira coisa que fiz ao descer do ônibus no Terminal Central, foi perguntar a um funcionário da EMDEC se era realmente naquele domingo o passeio ciclístico. Ele me disse que sim. Corri para casa, coloquei luvas e capacete, peguei a bicicleta e rumei para o Taquaral, para se pegava ao menos o final do evento. Embora já estivesse conformado de que quando chegasse lá o passeio já tivesse terminado.

De fato, quando cheguei a Praça Arautos da Paz só havia a corrida dos organizadores para desarmar as estruturas montadas para a realização do evento. Perguntei a um deles quantos ciclistas tinham participado. O rapaz me respondeu haviam participado cerca de 400 ciclistas.

Na verdade, não era apenas passeio ciclístico: os amantes da bike fizeram seu percurso por algumas ruas da cidade, e os amantes da caminhada fizeram seu percurso em volta da Lagoa Taquaral. O evento denominado, Passeio Ciclístico e Caminhada pela Paz no Trânsito, organizado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), fazia parte das comemorações da Semana Municipal do Trânsito (Semutran), 2015.

A Semutran ocorre anualmente, no mês de setembro, e tem por objetivo a conscientização sobre questões referentes ao transito, e durante os dias que dura a campanha, são realizadas várias atividades educativas. As atividades estarão sendo realizadas entre os dias 15 e 29 de setembro. O foco da campanha são os pedestres e os motociclistas.

A vida é o nosso bem maior. O problema é que, no trânsito, a maioria das pessoas se esquece disso e acabam prejudicando a própria vida e a vida de terceiros. Nas ruas e cruzamentos da cidade, quanta irresponsabilidade vejo, tanto por parte dos motoristas, quanto dos pedestres. Idem dos motociclistas. É uma falta de educação generalizada. Os mais prejudicados são os pedestres e motociclistas, a parte mais frágil do triangulo motorista-pedestre-motociclistas. Não nos esqueçamos também dos ciclistas que não são respeitados pelos motoristas.

Não apenas a EMDEC, mas também a CCR AutoBan, concessionária que administra o Sistema Anhanguera-Bandeirantes, realizam campanhas de trânsito, durante a Semana Nacional de Trânsito, cujo tema este ano é: “Década Mundial de Ações Para a Segurança no Trânsito - 2011/2020: Seja VOCÊ a mudança no Trânsito.” Oficialmente, a Semana Nacional de Trânsito ocorre entre os dias 18 a 25 de setembro, mas a CCR AutoBan e a EMDEC, preveem atividades educativas até o final deste mês.

O esforço, não apenas dessas duas empresas, mas também de outros órgãos que tratam da mesma matéria, é justificável, uma vez que, no Brasil, trânsito rima com guerra, tantas são as vitimas de acidentes de transito anualmente. Onde está o problema, uma vez que os automóveis passam por severos testes de segurança antes de saírem das fábricas? Deduz-se que o problema está em quem guia os veículos, ou seja, o motorista, que pensa que leis de trânsito são apenas teorias e que sinais de trânsito existem apenas para decorar as cidades. Por causa dessa atitude, muitas vezes, acabam perdendo o bem mais precioso: a vida.

Segundo o relatório, Dados de Acidentes de Trânsito Fatais, com Vítimas e Atropelamentos 2013, publicado em novembro de 2014, pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), entre os anos de 2000 a 2013, a taxa média de crescimento da população tem sido de 1,3%. Em contrapartida, a taxa de evolução da frota de veículos automotores cresce vertiginosamente. Se a média do crescimento da população é de 1,3%, a taxa de crescimento da frota de veículos é de 5,1%, no mesmo período, superando em cerca de 4 vezes a taxa de crescimento da população. Isso equivale a 1 veículo para cada 1,33 habitantes.



Baseado nestes dados é possível afirmar que há em Campinas um elevadíssimo número de automóveis circulando pelas ruas e avenidas, o que leva o relatório da Emdec a afirmar que a cidade de Campinas “é uma das cidades brasileiras com mais alta taxa de motorização”.

Apesar de, no período de 2000 a 2013, ter havido uma redução de 7,3% no número total de vítimas fatais, em decorrência de acidentes de trânsito na malha urbana do município, ainda é grande o número de acidentes com vítimas fatais.

Em que faixa etária está localizada a maior parte das vítimas fatais em acidentes de trânsito no município?

De acordo com o relatório divulgado pela Emdec, no final do ano passado, a maior parte das vítimas fatais no trânsito tinham entre 18 e 35 anos. A grande maioria dos ocupantes de veículos que se envolvem em acidentes fatais é do sexo masculino (93%), e apenas (7%) são do sexo feminino. Em se tratando da parte mais frágil na questão trânsito, o pedestre, o número de vitimas fatais encontram-se nas pessoas com mais de 60 anos. Ainda se dividirmos por sexo  o número de pedestres atropelados, os homens são maior número: 66% do sexo masculino, contra 34% do sexo feminino.

Em relação aos acidentes fatais — aqueles que resultam em falecimento de uma ou mais vítimas no momento ou em até 180 dias após a ocorrência — em 2013, aconteceram 100 acidentes fatais, que resultaram em 101 mortes. Nessa estatística, a motocicleta esteve envolvida em mais da metade dos acidentes fatais. Os motociclistas estiveram envolvidos em 51% deles, sendo 51% nos acidentes com vítimas e 5% nos atropelamentos.

Em relação à natureza dos acidentes fatais, o relatório afirma que o atropelamento de pedestre (pedestre x veículo), foi o tipo mais comum (34%).

Se a evolução da frota de veículos, no período de 2000 a 2013, cresceu enormemente, a taxa de evolução da frota de motocicletas é ainda maior. Ela cresce a taxa média de 9,2% ao ano, compreendidos os anos de 2000 a 2013. Os mais jovens deveriam ter um cuidado maior, pois a grande maioria dos ocupantes de motocicletas mortos no trânsito são predominantemente jovens, e concentram-se na faixa etária dos 18 aos 29 anos, e somam o percentual de 61,6% das vítimas. Ainda nesse grupo, as mulheres levam vantagens. Dos que se envolvem em acidentes de trânsito com motos, 94% são do sexo masculino e apenas 6% do sexo feminino.

À desatenção e irresponsabilidade de muitos motoristas, vem se somar um inimigo perigoso: o álcool.

Dos 101 acidentes com vítimas fatais, ocorridos em 2013, o Instituto Médico Legal (IML) fez coleta de sangue com a finalidade de medir a dosagem alcoólica em 50 vítimas (49,5% do total). Desse total, 6 vítimas eram passageiros (2 de moto e 2 dos demais veículos), sendo o resultado apresentado, referentes apenas aos 44 condutores. 47,7% (21 deles) apresentaram dosagem alcoólica negativa, e 52,3% (23), apresentaram dosagem alcoólica proibitiva, que equivale a crime e infração gravíssima.

As vítimas fatais com alcoolemia proibitiva somam juntos 65,2% das vítimas, que se distribuem nas seguintes faixas etárias: 18 a 23 anos, 24 a 29 anos, e 30 a 35 anos.

Para finalizar, gostaria apenas de acrescentar que as estatísticas aqui apresentadas referem-se à cidade de Campinas, mas os conselhos e advertências implícitos nele podem ser aproveitados em qualquer lugar e cidade onde você esteja. E que, quando respeitamos as leis de trânsito, seja como motorista, pedestre, ciclista ou motociclistas, estamos respeitando a nossa própria vida, e a vida daqueles que caminham junto conosco.

Abaixo, segue dados com indicações de dosagem alcoólica, constante do relatório da EMDEC sobre acidentes de trânsito.

ÁLCOOL X RISCO
Até 0,2 g/litro no sangue - não produz efeito aparente na maioria das pessoas. O risco de acidentes é nenhum.
De 0,2 a 0,5 g/litro no sangue - sensação de tranquilidade, sedação, reação mais lenta a estímulos sonoros e visuais, dificuldade de julgamento de distâncias e velocidades. O risco de acidentes aumenta duas vezes.
De 0,5 a 0,9 g/litro no sangue - aumento do tempo necessário à reação e estímulos. O risco de acidentes aumenta três vezes.
De 0,9 a 1,5 g/litro no sangue - redução da coordenação e da concentração; alteração do comportamento. O risco de acidentes aumenta 10 vezes.
De 1,5 a 3,0 g/litro no sangue - intoxicação, confusão mental, descoordenação geral mental, visão dupla, desorientação. O risco de acidentes aumenta 20 vezes.
De 3,0 a 4,0 g/litro no sangue - inconsciência e estado de coma.

Com 5,0 g/litro no sangue - coma e risco de morte.

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