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João Vaccari é segundo ex-tesoureiro do PT condenado por corrupção

Posted by Cottidianos on 22:29
Segunda-feira, 21 de setembro


Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF), condenava o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, por corrupção ativa. No mesmo julgamento também foram condenados pelo mesmo crime, José Genoíno e José Dirceu. Condenado a 6 anos e 8 meses de prisão, há quase um ano, em 30 de setembro de 2014, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, concedeu a Delúbio, o benefício da prisão domiciliar, no Distrito Federal.

Nesta segunda-feira (21), o juiz Sérgio Moro, condenou o também ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a uma pena de 15 anos e 8 meses de reclusão, por participação no maior esquema de corrupção jamais visto na história do país.

A partir desses dois exemplos, — perdoem-me a generalização, mas é o que desses dois casos posso depreender —, se você quer ficar rico, e bem depressa, filie-se a um partido político, e lute para ocupar o cargo de tesoureiro. Apenas tenha o cuidado de não se mostrar nenhum pouco honesto. Ao contrário, seja falso, dissimulado, avesso a qualquer princípio ético ou moral... E aconteça o que acontecer, venha o que sobrevier, jamais entregue o seu chefe, mesmo que você venha a passar uma boa temporada atrás das grades.

Acho tudo isso que acontece no Brasil, muito surreal. Por duas vezes consecutivas, o tesoureiro de um grande partido — que agora já não é tão grande assim, pelo menos não para a grande maioria das pessoas honestas — é peça chave de vergonhosos esquemas de corrupção, e esse mesmo partido o defende com unhas e dentes até o instante final, mesmo com todas as evidências mostrando que o sujeito está envolvido, até o pescoço, no mar de lama. De duas uma: Ou os dirigentes do partido são conviventes com tais princípios, ou seja, nenhum pouco éticos, ou eles são ingênuos. Como não acredito que haja pessoas ingênuas nesse meio, então só me resta acreditar na primeira opção.

Abaixo, compartilho matéria publicada pelo jornal El País/Brasil a respeito da sentença que condenou João Vaccari e outros envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

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João Vaccari é segundo ex-tesoureiro do PT condenado por corrupção

GIL ALESSI -  São Paulo

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque foram condenados nesta segunda-feira (21) por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Eles receberam penas de, respectivamente, 15 anos e quatro meses e 20 anos e 8 meses de reclusão. Na sentença, o juiz federal Sérgio Moro afirma que o petista intermediou o recebimento de 4,26 milhões de reais em propinas acertadas com a Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras para o Partido dos Trabalhadores. Alguns desses pagamentos foram contabilizados como doações oficiais e de campanha ao partido. O PT sempre negou qualquer irregularidade, e manteve Vaccari no cargo até sua prisão, em abril. A decisão é de primeira instância, e ainda cabe recurso.

"A lavagem [de dinheiro feita pelo ex-tesoureiro] gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminoso", escreveu Moro na sentença. Vaccari é o segundo tesoureiro da legenda a ser condenado por envolvimento em escândalo de corrupção: seu antecessor, Delúbio Soares, foi sentenciado em 2012 a oito anos e 11 meses de prisão por sua participação no caso do mensalão.

Já Duque recebeu 36 milhões de reais em pagamentos escusos. Sua pena é a mais alta imposta até o momento contra envolvidos no esquema de corrupção da estatal. Em seu despacho, Moro decretou o confisco de 43,4 milhões de reais de contas off-shores no Panamá e em Mônaco, que pertenceriam ao ex-diretor.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, empreiteiras pagavam propinas a Vaccari para conseguir contratos com a Petrobras. A pena de Duque é a mais alta imposta até o momento contra envolvidos no esquema de corrupção da estatal.

A condenação de Vaccari aprofunda ainda mais a crise no partido da presidenta Dilma Rousseff, e deve dar mais munição à oposição no Congresso. O PSDB e o DEM já se articulam abertamente para pressionar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), a analisar os pedidos de impeachment enviados à Casa. Além disso, a crise econômica e o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estão sob ataque de integrantes da própria base governista. Até mesmo senadores e deputados petistas disseram que a proposta irá minar ainda mais as bases de apoio social da presidenta.


Vaccari e Duque, que também são réus em outras ações da Lava Jato, foram condenados por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção, e terão que pagar multas para ressarcir os cofres públicos. Na mesma sentença, que envolve um dos vários processos da Lava Jato, também foram condenados os delatores Pedro Barusco (dois anos de prisão em regime aberto), Augusto Mendonça (executivo da Toyo Setal, quatro anos em regime aberto), o doleiro Alberto Youssef (teve a pena suspensa por colaborar com a Justiça), o operador Mario Goes (regime aberto até 2016) e o lobista Julio Camargo (5 anos em regime aberto), este último ligado ao PMDB. Todos eles haviam recebido penas maiores, que foram reduzidas devido aos acordos de delação.

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