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O grito das ruas

Posted by Cottidianos on 00:39
Domingo, 15 de março

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
(Que país é esse – Renato Russo)

Célia Farjallat: primeira mulher jornalista de Campinas


Hoje, o Coral Pio XI esteve cantando na missa de sétimo dia de Célia Siqueira Farjallat, professora e jornalista do jornal campineiro, Correio Popular. Célia foi a primeira mulher a trabalhar na imprensa de Campinas. Morreu aos 97 anos, sábado dia 07.

Muita gente esteve na Igreja Santa Rita, no bairro do Cambuí, para prestar mais uma merecida homenagem a jornalista. Como sempre o Pio XI esteve bastante afinado. Reconheço que o padre que presidia a missa fez um belo sermão, embora não tendo concordado com algumas ideias por ele apresentadas. Numa de suas linhas de raciocínio, o padre falou de um livro que eu não conhecia, chamado O Senhor das Moscas, escrito pelo inglês William Golding, em 1954, quando o mundo acabava de sair do pesadelo dos campos de concentração nazista e da tragédia de Hiroshima.



narrativa se passa em uma ilha deserta, quando tudo poderia ter se tornado um paraíso. Mas quando entra em cena a natureza humana, com seu séquito de egoísmo, ambição e vaidades, parece não haver paraísos possíveis. Obviamente que amor, a solidariedade, a amizade são como flores a embelezar essa ilha deserta chamada natureza humana, se não fosse por isso, a vida se tornaria por demais insuportável... Continuando a narrativa... Tudo acontece depois de um acidente aéreo. Um avião lotado no qual viajavam crianças e adolescentes cai em uma ilha deserta. Os passageiros do avião sobrevivem ao acidente e passam a formar um grande grupo, uma comunidade perdida no meio do mar.

Como em toda comunidade é preciso ter um líder. Os meninos, reunidos em assembleia, escolhem um dentre eles para liderar o grupo. Um grande desafio é reinventar um novo jeito de viver em sociedade, ainda mais quando se é tão jovem e se está perdido em uma ilha deserta. No início, tudo é festa, brincadeira. Os meninos se extasiam com o fato de não ter escola, nem adultos dizendo para fazer isso ou aquilo, ou dizendo que não podem fazer isso ou aquilo... Enfim, os jovens sentem-se imersos em um mundo de fantasia, um verdadeiro paraíso tropical. Seria apenas um romance comum de aventura, se parasse por aí, mas o autor traz para dentro dessa ilha um elemento chamado “natureza humana” e, junto com ela, seus dramas e conflitos.

Logo, entra em cena, a luta pela sobrevivência, a divisão de tarefas, o ato de traçar objetivos. Os meninos passam então a conhecer um elemento que pode acabar com qualquer sociedade equilibrada, com qualquer grupo bem estruturado: a disputa pelo poder. Enquanto um grupo pensa no bem comum, em se proteger das condições climáticas, em dar um jeito de serem vistos por alguém, em algum navio que passe pelas proximidades, outro grupo quer que se leve a vida na ilha apenas em brincadeiras, sem maiores responsabilidades. Desfaz-se então a união entre os grupos. Os inocentes sobreviventes de um acidente aéreo em uma ilha deserta conhecem o despertar dos instintos mais primevos de violência e morte... E o que era paraíso, torna-se inferno.

Dizia o padre, em sua homilia, que o romance é uma metáfora na qual estão enredados três grupos: os inteligentes, os fracos e os oportunistas. Estes últimos destroem os fracos e fazem sucumbir os inteligentes para que tudo na vida passe a girar em torno de seus próprios interesses, desfazendo, dessa forma, todo progresso e toda a paz social. Com isso o padre levou a reflexão para a política clientelista que se prática hoje no Brasil, herança de modelos políticos adotados no Brasil desde os tempos do Brasil colônia.

A partir disso, fiquei pensando no escândalo do desvio de dinheiro da Petrobrás, no mensalão e em tantos outros casos de corrupção que já aconteceram em nosso país. Os oportunistas conseguem acabar de uma só vez com os fracos e com os inteligentes. Trabalhando em seus projetos egoístas de poder e de enriquecimento ilícito, eles jogam no lixo o futuro de uma nação inteira.

O momento político e econômico em que vivemos atualmente no Brasil não é dos melhores. Um país que não cresce economicamente, investidores que olham com desconfiança para a Petrobrás — um dos nossos maiores patrimônios, políticos e partidos políticos envolvidos em graves escândalos de corrupção. Quisera eu estar falando de apenas um partido. Não se trata disso. Claro, pode ser que um partido seja mais responsável que outro por toda essa nefasta onda de corrupção que envergonha a todos nós brasileiros.  Mas entendamos que a corrupção, no Brasil, tem se tornado sistêmica. Há que se mudar a consciência das novas gerações, semeando nelas valores que nos façam avançar enquanto nação e nos torne pessoa melhores enquanto ser humano. Valores que os tornem cidadãos comprometidos a entender a democracia no seu verdadeiro sentido: O GOVERNO DO POVO E PARA O POVO, e rejeitem a filosofia praticada hoje em dia, na qual entende-se que democracia é: governo do político para beneficiar a seus partidos, a si próprio e aos seus familiares.

Protestos pró-governo e em defesa da Petrobrás 

Se democracia fosse um ente real e não apenas um conceito, ela estaria passando por um grande estresse. Afinal são tantas as manifestações pró e contra...

A começar pelo panelaço ocorrido durante a fala de Dilma Rousseff, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, em rede nacional de TV. O barulho pegou a todos de surpresa. Não se esperava por aquela manifestação ocorrida em algumas cidades.

Na sexta-feira, aconteceu em várias cidades brasileiras, manifestações em defesa da Petrobrás, e em defesa da presidente Dilma Rousseff, organizados pelas centrais sindicais ligadas ao governo. As manifestações ocorreram todas em clima de paz.


Protestos em 2013

Para este domingo (15) está sendo convocado pelas redes sociais, um mega protesto contra a corrupção, contra o governo. Muitos até defendem a saída de Dilma Rousseff do poder. Outros, uma minoria ridícula e aproveitadora, defende a volta do regime militar. O regime militar fez tanto mal ao Brasil, Deus nos livre que ele volte.

Não se estava levando em grande conta essa manifestação até o panelaço do dia 08 de março. Depois disso, todos passaram a olhar a possibilidade de um megaevento em todo o país como uma possibilidade real.

Aqui em Campinas, a manifestação, marcada para começar a uma hora da tarde, ocorrerá no centro da cidade, na Praça do Largo do Rosário. A Polícia Militar mobilizará os quatro batalhões da corporação para cuidar da segurança durante os protestos. O objetivo da organização do evento é reunir cerca de 40 mil pessoas.

Bom seria que o grito de povo se desse em clima de mais absoluta paz, sem a presença de grupos radicais como os Black bloks. Que esses fiquem bem longe. Se eles aparecerem e promoverem pancadaria e quebra-quebra, a polícia será obrigada a usar dos irritantes gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. Infelizmente, aí vale o ditado: “Por um paga todos”. A concentração acontecerá na Avenida Francisco Glicério. De lá, os manifestantes seguirão em direção a Prefeitura Municipal.

Porem a convocação pelas redes sociais para as manifestações que ocorrerão por todo o país, só terão se mostrado realmente eficazes, se forem numerosas. Quanto mais gente na rua, maior o grau de insatisfação mostrado pela população. O governo acusa a oposição de estar orquestrando todas essas manifestação, mas ressalto que o movimento é apartidário. O governo também acusa a “elite branca” — termo que até hoje não consegui entender direito o que significa — de estar tentando, de todas as formas, denegrir a imagem do Partido dos Trabalhadores. Coisa que eu também não consigo entender... A não ser que a elite fosse a responsável por estar colocando corruptos nas empresas privadas e casas legislativas.

A respeito das manifestações deste domingo, assim escreve Demétrio Magnoli, Doutor em geografia humana, e especialista em política internacional, no artigo O meio e a mensagem, publicado ontem (13), no jornal Folha de São Paulo:

As manifestações antigovernistas deste domingo pertencem ao universo da política virtual, regido pela lei da incerteza. Convocadas nas redes sociais por uma miríade de pequenos grupos antipartidários, elas carecem de comando unificado e estabilidade de mensagem. Em torno do eixo móvel da indignação contra o governo, oscilam bandeiras diversas, que se estendem do protesto contra a corrupção até o "Fora Dilma" e o impeachment. Nas franjas extremas do movimento, figuras insignificantes, sombrias ou apenas ridículas clamam por uma intervenção militar. Só o número tem o condão de definir a mensagem.
A dimensão das manifestações deste domingo é imprevisível, pois elas não emanam de máquinas políticas profissionais. Se os números forem elevados, as ruas falarão a linguagem da exaltação cívica contra a corrupção, o engodo e a arrogância. O alvo será a privatização partidária do Estado e dos bens públicos. Nessa hipótese, experimentaremos uma evolução política das manifestações multitudinárias de junho de 2013. As pessoas comuns rejeitam o vandalismo, nas suas versões empírica (a destruição das coisas) e simbólica (a demolição das regras de convivência democrática). O perigo reside na hipótese alternativa, de manifestações relativamente pouco numerosas. Nesse caso, sequestrados por radicais de salão, os microfones difundirão mensagem odientas vazadas na gramática do exterminismo ideológico.
O que todos nós esperamos é que o Brasil seja passado a limpo. Para é preciso que se faça com urgência uma reforma política, reformasse essa que já teria sido feita há muito tempo se nossas Casas Legislativas não legislassem em causa própria.

O que nós queremos é que nossos governantes coloquem em prática os verdadeiros princípios democráticos. Que entendam que democracia não é apenas ter um eficiente sistema eleitoral, com urnas eletrônicas e apuração das eleições em tempo recorde, mas que democracia, muito mais que isso, é ter um eficiente sistema político que atenda aos anseios da população. Pedimos que sejam aplicados e vividos os princípios da transparência, moralidade e ética.

O que não queremos mais é ouvir dizer: “Se o partido x rouba e têm políticos corruptos, o partido y, fez o mesmo em administrações anteriores”. É justamente isso o que não queremos: Políticos corruptos. Queremos sim, políticos comprometidos com o desenvolvimento e o bem-estar da nação.  

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