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Dilma faz discurso de campeã de uma disputa emocionante

Posted by Cottidianos on 00:44
Segunda-feira, 27 de outubro


“Boa noite”! Disse a presidente recém-eleita, Dilma Rousseff, dirigindo-se a militância petista, reunida em um hotel em Brasília. Ela foi para o local quando as urnas davam como certa a sua reeleição. Ela venceu a disputa com um total de 51,4% dos votos válidos e Aécio Neves, obteve 48,36%. Dilma estava ao lado do ex-presidente, Luiz Inácio da Silva, e do vice-presidente, Michel Temer. O microfone que usava apresentou problemas de microfonia e ela pediu aos técnicos, de forma suave, quase imperceptível, que resolvessem o problema. Enquanto isso, a militância, gritava:

É um, é dois, é Dilma outra vez! É um, é dois, é Dilma outra vez!

Boa noite! Disse, a presidente, ainda com problemas de microfonia. Eu queria cumprimentar a todos aqui. Agradecer a cada um de vocês e a cada uma de você. Começo saudando o presidente Lula, (enfática), o presidente Lula.

A militância interrompeu o discurso, gritando: Lula, eu te amo! Lula eu te amo!

Dirijo meu cumprimento e minha saudação ao vice-presidente, Michel Temer...

Michel! Michel! Gritava entusiasmada a militância.

... Queria cumprimentar a vice-primeira dama, a nossa querida, Marcela. Cumprimentar os presidentes dos partidos de minha coligação... A presidente foi citando nominalmente os nomes dos presidentes dos partidos que a apoiaram. Em seguida, continuou:

... Cumprimento aqui os ministros de estados, os governadores, os deputados federais, os senadores, que me honram com a sua presença. Senhoras e senhores, jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas. Senhoras e senhores, minhas amigas e meus amigos. Chegamos...

Os militantes petistas faziam um barulho insuportável, tornando insustentável a fala da presidente.

... Eu vou pedir um pouquinho de silêncio, porque a minha voz se foi. Então, eu estou aqui usando um restinho de voz. Peço que vocês me deem uma força...

Era como se não tivesse dito nada, o barulho continuou ensurdecedor. Enquanto isso, a presidente, esperava, com expressão impaciente, para recomeçar.

... Então, eu peço uma força para vocês...

Como o barulho não diminuiu,a presidente continuou, elevando um pouco o volume de voz.

... Minhas queridas, meus amigos e minhas amigas, chegamos ao final de uma disputa que mobilizou intensamente todas as forças do nosso país, da nossa nação. Como vencedora dessas eleições históricas, eu tenho, simultaneamente, palavras de agradecimento e de conclamação. Agradeço ao meu companheiro de chapa, parceiro de todas as horas, meu vice, Michel Temer. Agradeço aos partidos políticos e sua militância que sustentaram nossa aliança e foram decisivos para nossa vitória. Agradeço a cada um e a cada uma dos integrantes dessa militância combativa, que foi a alma, que foi a força dessa vitória, e agradeço, sem exceção, a todos os brasileiros e brasileiras.

Eu faço um agradecimento, do fundo do meu coração, ao militante número um das causas do povo e do Brasil, o presidente Lula...

A militância presente ao ambiente manifestou-se novamente. É sempre assim: O nome de Lula possui um mágico efeito sobre a militância petista. Entusiasmados, eles cantavam a música que marcou as campanhas presidenciais do ex-presidente. “Olé, olé, olá, Lula, Lula”. Muitos gritos e aplausos. A presidente teve, nesse momento, dificuldade em retomar o discurso.

... Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e a todos os brasileiros para nos unirmos, em favor do futuro de nossa pátria, de nosso país, e de nosso povo. Não acredito, sinceramente, do fundo de meu coração, que essas eleições tenham divido o país ao meio. Entendo sim, que elas mobilizaram ideais e emoções, às vezes, contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a busca de um futuro melhor para o país.

Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil. Com a força desse sentimento mobilizador é possível encontrar pontos em comum, e construir com eles, uma primeira base de entendimento para fazermos o nosso país avançar.

Algumas vezes na história, resultados apertados — aqui, a presidente se referia a pequena margem de diferença de votos que a fez ser eleita — produziram mudanças mais fortes e mais rápidas do que vitórias muito amplas. É esta a minha esperança, ou melhor, a minha certeza do que vai ocorrer a partir de agora no Brasil. O debate das ideias, o choque de posições pode produzir espaços de consensos capazes de mover nossa sociedade na trilha de mudanças que tanto necessitamos. Minhas primeiras palavras são, portanto, de chamamento à paz e à união.

Nas democracias maduras, união não significa, necessariamente, unidade de ideias, nem ação monolítica conjunta, pressupõe, em primeiro lugar, abertura e disposição para o dialogo. Essa presidenta está disposta ao dialogo, e é esse o meu primeiro compromisso de segundo mandato: dialogo. Minhas amigas e meus amigos, toda eleição tem que ser vista de uma forma pacífica e segura de mudança de um país. Toda eleição é uma forma de mudança, principalmente, para nós que vivemos em uma das maiores democracias do mundo...

Quando...

A militância voltou aos gritos exaltados de “Dilma”, “Dilma”

... Quando uma reeleição se consuma, ela, a reeleição tem de ser entendida como um voto de esperança dado pelo povo na melhoria do governo. Voto de esperança é o que e uma reeleição, muito especialmente, na melhoria dos atos dos que, até então, vinham governando. Eu sei que é isso que um povo diz quando reelege um governante.

Foi o que eu escutei nas urnas, por isso quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora...

Aplausos e gritos entusiastas.

... Quero ser uma pessoa...

Mais gritos entusiastas que fizeram, mais uma vez, a presidente interromper o discurso.

... Quero ser uma pessoa ainda melhor do que tenho me esforçado por ser. Esse sentimento de superação deve, não apenas, impulsionar o governo e a minha pessoa, mas toda a nação. O caminho é muito claro. Algumas palavras e temas dominaram essa campanha. A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi: mudança. O tema mais amplamente invocado foi: reforma.

Sei que estou sendo reconduzida a presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade brasileira exige, naquilo que meu esforço, meu papel e meu poder alcançam. Podem ter certeza: estou pronta a responder essa convocação. Direi sim a esse sentimento, que vem do mais profundo da alma brasileira. Sei da força e das limitações que tem qualquer presidente. Sei também do poder que cada presidente tem de liderar as grandes causas populares, e eu o farei.

            A minha disposição...

Dilma, Dilma.... Olé, olé, olá, Dilma, Dilma...

... A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais pacifica... “Por favor gente. Eu não posso gritar mais. Eu não consigo”, disse Dilma, diante de mais uma manifestação da militância partidária.

... A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais pacifica e democrática, esse momento transformador. Estou disposta a abrir um grande espaço de dialogo em todos os setores da sociedade para encontrar as soluções mais rápidas para os nossos problemas.

Minhas amigas e meus amigos, aqui presentes, e todos os que estão nos escutando, e a todo o povo brasileiro. Entre as reformas, a primeira e mais importante, deve ser a reforma política...

Dilma Rousseff teve de interromper, mais uma vez, o discurso, pois naquele momento, os petistas gritavam: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo. O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.  Na verdade, os gritos da militância, não se dirigiam em especial aquele veículo de comunicação, e sim, a imprensa de um modo geral. Lembremos-nos que, no sábado, um grupo de cerca de duzentas pessoas promoveu um quebra-quebra no prédio da Editora Abril, grupo responsável pela publicação de Veja. Veja trouxe essa semana, reportagem na qual o doleiro Albert Youssef, diz que Dilma e Lula sabiam dos escândalos na Petrobrás. Dilma e Lula negam as acusações.

... Meu compromisso, continuou a presidente, visivelmente embaraçada, meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha é deflagrar esta reforma, que é responsabilidade constitucional do Congresso, e que deve mobilizar a sociedade num plebiscito, por meio de uma consulta popular. Como instrumento dessa consulta, o plebiscito, nós vamos encontrar a força e a legitimidade exigida nesse momento de transformação para levarmos à frente, a reforma política.

Quero discutir esse tema profundamente, com o novo Congresso Nacional e com toda a população brasileira, e tenho convicção de que haverá interesse de setores do Congresso, de setores da sociedade, de todas as forças ativas na nossa sociedade para abrir uma discussão e encaminhar as medidas concretas. Quero discutir igualmente, com todos os movimentos sociais e as forças da sociedade civil.

Quando cito a reforma política, não significa — nesse momento, alguém entrega a presidente, um novo microfone — que eu não saiba a importância das demais reformas que temos também a obrigação de promover. Gente, esse microfone tá uma beleza... — diz a presidente, interrompendo o próprio discurso, empolgada com o novo microfone — ... Foi bom. Agora, eu seguro falar.

Terei também, um compromisso rigoroso com o combate à corrupção, fortalecendo as instituições de controle e propondo mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade que é a protetora da corrupção. Ao longo da campanha anuncie medidas que vão ser muito importante para que a sociedade brasileira, e o país como um todo, enfrentem a corrupção e acabem com a impunidade.

Promoverei também, com urgência, ações localizadas, em especial, na economia para retomarmos nosso ritmo e crescimento. Continuarmos garantindo os níveis altos de emprego e assegurando também a valorização dos salários. Vamos dar mais impulsos a atividade econômica em todos os setores, em especial no setor industrial.

Quero a parceria de todos os seguimentos, setores, áreas produtivos e financeiros, nessa tarefa que é responsabilidade de cada um de nós, brasileiros e brasileiras. Segurei, combatendo com rigor, a inflação e avançando no terreno da responsabilidade fiscal. Vou estimular, o mais rápido possível, o dialogo e a parceria com todas as forças produtivas do país. Antes mesmo do início do meu próximo governo, eu prosseguirei nesta tarefa. Mais que nunca, é hora de cada um e de todos nós, acreditarmos no Brasil, de ampliar nosso sentimento de fé nesta nação incrível, a quem nós temos o privilégio de pertencer e a responsabilidade de fazê-la cada vez mais prospera e mais justa. O Brasil, esse nosso querido país, saiu maior dessa disputa, e eu sei da responsabilidade que pesa sobre os meus ombros. Vamos continuar construindo um Brasil melhor, mais inclusivo, mais moderno, mais produtivo. Um país da solidariedade e das oportunidades. Um Brasil que valoriza o trabalho e a energia empreendedora. Um Brasil que cuida das pessoas       com um olhar especial para as mulheres, os negros e os jovens. Um Brasil cada vez mais voltado para a educação, para a cultura, para a ciência e inovação.

Vamos nos dar as mãos e avançar nessa caminhada que vai nos ajudar a construir o presente e o futuro. O carinho, o afeto, o amor e o apoio que recebi nesta campanha me dão energia para prosseguir em frente com muito mais dedicação. Hoje estou muito mais forte, mais serena e mais madura para a tarefa que vocês me delegaram.

Brasil, mais uma vez, esta filha tua não fugirá da luta. Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

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